
Qual o sentido de se jogar videogame? O que você busca quando aperta o power ou enquanto programa aquela jogatina, naquele tempo livre tão escasso nos dias de hoje? Se superar? Passar o tempo? Desligar-se do mundo real? Relaxar? Ou apenas se divertir? E no que está baseada essa diversão? No jogo escolhido ou no que a jogatina em si representa para você?
Quando se é jovem, talvez essa seja uma resposta mais fácil de ser alcançada. Mas, quando já se acumula uma boa idade, com compromissos minando cada vez mais seu tempo livre, é preciso refletir sobre tal questão que envolve nosso hobby preferido: jogar videogame.
Embora o assunto tratado aqui tenha em vista a jogatina retrô (seja emulada ou no sistema original - tanto faz no final das contas), também pode ser extendido para jogatinas em consoles mais modernos e novos. Afinal, a diversão precisa sempre prevalecer? Ou apenas proporcionar um momento de desligamento do mundo externo? E esse é o ponto central de tudo e é o assunto que resolvi trazer hoje para mais um pergaminho...
Quantas vezes você já iniciou aquele jogo pretendido, jogou, terminou e depois ficou com a sensação de que "nem parece que joguei"? A jogatina parece que foi tão automática que você nem sentiu, nem gravou em sua mente os momentos jogando, nem parece que se divertiu. Eu venho notando que esse tipo de sensação tem ocorrido comigo já faz um tempinho: um acúmulo de jogos terminados, mas praticamente vazios de conteúdo pessoal ou de experiência. O famoso "backlog fantasma", o qual você consegue cumprir, mas de forma tão obrigatória (mesmo sem ser obrigado) que acaba sendo automático e sem vida.

Esse tipo de sensação se parece bastante com a "Síndrome do Labirinto", que é ficar perdido no que jogar. Neste caso, ficamos perdidos "no que joguei". Infelizmente, não é algo que você consiga resolver com organização das jogatinas. Pelo menos no meu caso, não parece ser. Me passa a impressão de ter mais a ver com "dar um tempo", sossegar e, até mesmo, parar de jogar por tempo indeterminado. Seria a "fase final" dessa doença de possuir "todos" os jogos de uma só vez? Seria o desfecho da "Síndrome do Labirinto"? Ainda não tenho essas respostas.
Apesar de tudo, algumas das causas eu já identifiquei. Uma delas está diretamente relacionada com o tempo livre para jogar. Aquelas duas horinhas, ou aquela simples hora e até mesmo aquela meia hora sagrada que você tira para jogar. Acaba que, quando finalmente chega o período no dia reservado para jogar, você acaba perdido e escolhe qualquer coisa, desanimando por completo. Outra causa seria o local onde jogamos. Por mais incrível (e fresco) que pareça, o ambiente onde você costuma jogar, à longo prazo, pode acabar destruindo por completo a sua vontade de jogar, seu ânimo em encarar algum jogo. Ter um lugar adequado faz todo o sentido, afinal, jogar com pressa, no trabalho e tendo mil afazeres após a jogatina não é saudável, como diria o Vigia.

No final das contas, muitos podem dizer que "não há sentido algum em jogar videogame, eu jogo por diversão apenas", o que não é nem um pouco errado. O problema é quando essa diversão já não existe mais ou quando ela já apresenta desgaste, cansaço e estafa. Você vê por tantos anos as mesmas coisas que nada mais te agrada quanto antes. E, o mais inacreditável: você começa a considerar dar um bom tempo no hobby que você mais gosta de fazer...
A internet é um espaço que ajuda em tudo isso: são cada vez mais "especialistas", "historiadores" e "entendidos" dos games que pipocam por todos os lados. É cansativo ler sempre as mesmas coisas, ver sempre gente compartilhando que comprou isso, que comprou aquilo, objetos sem vida que vão servir de troféus em prateleiras e nada mais que isso. Ao contrário, é prazeroso ler um relato de um jogador de verdade, que venceu um desafio e veio contar suas aventuras. Acho que isso faz uma boa falta nessa internet sem vida de hoje em dia (no que diz respeito à jogos).

Eu não quero transformar o blog num espaço para lamentar, seja a falta de tempo pra jogar, sejam os problemas que impedem, seja a própria vida. Mas senti necessidade de compartilhar esse assunto com vocês que ainda gastam um tempo pra vir aqui ler o que eu escrevo. Pode ser que esse cansaço mental esteja ocorrendo com mais pessoas ou ocorra de tempos em tempos e é interessante compartilharmos essas experiências, mesmo que ruins para nós que gostamos de jogar. É isso.