Kyatto Ninden Teyandee, mais conhecido por essas bandas como Samurai Pizza Cats, é um jogo da Tecmo para o Famicom, lançado exclusivamente no Japão e baseado no desenho animado homônimo. O porque do jogo ficar exclusivo aos japoneses sendo que o desenho saiu pra esse lado do mundo, só os japas sabem responder. O desenho, produzido pela Tatsunoko Productions (sim, a mesma de Tatsunoko vs. Capcom), fez um relativo sucesso, o que é mais estranho ainda o fato do JOGO não ter estourado no mundo todo. E, sinceramente, é um dos jogos mais divertidos do Nintendinho...
É fácil, hoje em dia, encontrar versões traduzidas de jogos que só viram a luz do sol no Japão. Claro, ainda há um ENORME caminho a percorrer, com muitas relíquias sequer tocadas por este lado do mundo e que ainda estão exclusivamente no idioma japonês, mas, graças aos esforços de diversos times de tradutores, hoje podemos jogar muitos deles que sequer sonhávamos existir. Kyatto Ninden Teyandeeé mais um deles, é bem fácil encontrar a rom completamente traduzida pro inglês. Não que isso seja absolutamente necessário num jogo como esse, então, fica a seu critério.
Apesar de do jogo ser baseado no anime, Kyatto Ninden Teyandee segue um padrão básico de jogos consagrados como Ninja Gaiden. Não vou me ater a contar fatos sobre o anime, já que o foco aqui é o jogo do Nintendinho. No game, controlamos 7 gatos diferentes, cada um com um poder específico mas divididos em dois times: o principal, formado por Speedy, Polly e Guido, onde escolhemos um deles para liderar o grupo dos ajudantes, formados pelo General Catton, Bat Cat, Meowzma e Spritz. Todos os ajudantes são bem específicos no que diz respeito à jogabilidade, tendo cada um uma habilidade diferente que pode e deve ser usada para avançar no jogo. O trio dos principais mudam apenas os ataques especiais entre eles além do alcance das armas (Polly tem o ataque mais curto em comparação com Speedy e Guido).

Dos ajudantes, temos:
General Catton: usado principalmente para quebrar grandes blocos que impedem passagens;
Bat Cat: é o único capaz de voar pelo cenário, alcançando lugares escondidos;
Meowzma: com ele é possível escavar na terra, abrindo buracos que podem estar recheados de itens;
Spritz: o nadador da equipe, muito rápido na água;
Cada um deles tem uma barrinha de HELP, que se desgasta conforme usamos suas habilidades. Com um item que se parece com uma noz, é possível recarregá-la, além do fato dela ir enchendo com o tempo. A segunda habilidade de cada gato é usada apertando-se pra cima mais o botão ataque. Esse ataque especial gasta a barra rosa (ninpo) e vem em três tipos: o projétil simples, o projétil em 3 direções e o especial máximo, que, no caso dos três gatos principais, consome metade da barra e mata todo mundo na tela. Nos outros 4 gatos ajudantes, cada um faz um movimento diferente que acerta boa parte dos inimigos próximos e consome menos da barra ninpo.

Notaram o quão profunda é a jogabilidade de Kyatto Ninden Teyandee? Mesmo assim, o jogo conserva o básico pule e ataque como forma mais simples de combate, o que denota a simplicidade unida à complexa gama de possibilidades de forma inteligente e eficaz. Excetuando Speedy e Guido, os outros gatos (incluindo Polly) tem ataques curtos, o que pode complicar em alguns momentos. Apesar disso, o ataque de Polly é concentrado e tira mais vida se feito seguidamente, principalmente em chefes.

O visual e design de fases do game é ótimo. Em termos de gráficos, temos uma boa gama de cores e bons desenhos tantos dos personagens principais quanto dos inimigos. Entre as fases rolam cutscenes que, se estiver jogando a versão japonesa, não vai entender nada. O design das fases começa bem simples, mas depois fica bem, digamos, complexo. O jogo toma rumos diferentes nas etapas avançadas, cada fase tem vários bifurcações e inclusives labirintos que te deixam rodando por um bom tempo até achar o caminho correto. Vale lembrar que vários caminhos significam vários itens e somar pontos e vidas em jogos dessa época eram praticamente lei.

Kyatto Ninden Teyandee não é um jogo difícil. Ele tem momentos de maior dificuldade talvez na exploração de alguns estágios, mas nada que o prejudique. A jogatina é leve e descompromissada, as músicas e efeitos sonoros ajudam bastante também, nenhuma música é inesquecível, mas também nenhuma delas acaba enjoando, nem mesmo o tema principal que se repete nas fases. Devo dizer que o game também disponibiliza escolher qualquer fase pra jogar entre elas, o que dá um tom de estratégia em escolher as fases mais difíceis ou fáceis pra continuar, dependendo do seu conhecimento do jogo.

No final, Kyatto Ninden Teyandee é um surpreendente jogo que me intriga do porque nunca veio a ser lançado oficialmente no continente americano. É robusto o bastante pra qualquer publisher da época se interessar em portá-lo, mas que, infelizmente, não foi o ocorrido e muita gente sequer conhece. Eu lembro que na época havia uma única locadora aqui na minha cidade que tinha esse jogo, e meu único colega com um Phantom System alugava quase direto. Não fosse por isso, eu jamais teria jogado essa verdadeira jóia naquela época.

Resumão:
+ visual chamativo, caprichado;
+ design de fases interessante;
+ 7 personagens diferentes pra escolher, dando uma ampla variedade de gameplay;
- é muito fácil realmente;
- o jogo é curto;
Final Score: 8